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 Todesengel

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Dasha Ainsworth
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Dasha Ainsworth


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05122012
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Nunca deixei de me impressionar com a maneira como as pessoas dizem tão facilmente que todos têm uma escolha. Isso é justificável quando elas não passam apenas de palavras, quando se quer posar de sábio. Mas sei que nenhum desses, que afirmam tais coisas, jamais passaram por uma situação onde a única alternativa é seguir o que é imposto por outro... Bem, isso não é uma escolha, não uma verdadeira.

E a maneira como tornei-me um cão e um gato não foi diferente.
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Todesengel :: Comentários

Dasha Ainsworth
Re: Todesengel
Mensagem Qua 5 Dez - 18:10 por Dasha Ainsworth



halle des bergkönigs
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era boa o suficiente em leitura labial para entender o que ele dissera: “calma, eu vou te proteger”

A nossa família era pequena. Também, pudera, vivíamos em meio a uma cadeia montanhosa, onde os recursos eram poucos, o extremo oposto de nossas necessidades, que eram muitas. E, até onde eu sabia, a culpa era minha. Nunca esteve nos planos de meus pais ter outro filho, muito menos uma garota. Para azar de toda a família, vieram gêmeos, e eu era a indesejada, obviamente. Luka seria quem carregaria o nome da família, quem estava destinado a viver confortavelmente na capital... Eu? Bem... Eu deveria aprender a ser uma boa mãe e esposa, devia ser forte.

E o fiz desde o nascimento. Luka, meu irmão, sempre foi o mais frágil de nós dois, o mais suscetível aos efeitos do frio. As doenças respiratórias sempre lhe a vinham antes, e eu nunca adoecia. Nunca.Talvez tenha sido isso o que sempre deixou o meu pai tão furioso. Meu irmão deveria ser grande e forte, ser glorioso. Não sei se jamais chegarei a entender tal mania de grandeza que queimava no peito daquele homem de barba cinzenta e voz maldosa. Assim como não entendia como a minha mãe, uma senhora tão gentil, podia obedecer tão piamente aos desígnios de meu pai.

Todas as noites, quando meu pai retornava das lavouras, nossa mãe nos trancava no quarto e pedia para que não saíssemos de lá, que dormíssemos, que o nosso pai estaria impaciente quando chegasse e não devíamos incomodá-lo. Mesmo quando estávamos em sono pesado, Luka e eu podíamos ouvir o choro de nossa mãe acompanhados dos gritos de meu pai. Eu apertava o meu rosto contra o peito de meu irmão e fechava os olhos com força, esperando que os gritos acabassem logo. Mas eles não iam. Meu irmão ossudo e pálido pedia para que eu me calasse e cobria os meus ouvidos, pedindo para que eu apenas olhasse pra ele. Eu assentia e esperava até que os primeiros raios de sol entrassem no cômodo através das frestas do telhado e o Luka retirasse as mãos de meus ouvidos. Era quando dormíamos.

Quando acordávamos, ele estava lá, o sorriso gentil da mulher que jamais desafiava o marido, brilhando sobre as manchas e inchaços em seu rosto. Mas eu sabia que era mentira. Ela tivera gêmeos, sendo uma menina, quando o homem desejara apenas um rebento. Ela ousara quando protegeu-me da ira de meu pai após nosso nascimento. Ela enfrentou-o quando chamou-me Dasha, “o presente de deus”, quando aquele homem de olhos escuros e obscuros me considerava um estorvo.

Até os 8 anos, Luka e eu ficamos com as nossa mãe todos os dias, mas o homem veio levar meu irmão para aprender seu ofício, dizendo que ele já era forte o suficiente. Era triste ver meu irmão de cabelo amarelo-lima ser levado pela neve todos os dias, para longe de mim, enquanto eu continuava ali, dentro de casa aprendendo a costurar e a cozinhar, e a deixar uma casa organizada, e a preparar as cobertas para a hora de dormir, e a ser uma mulher forte. Quatro longos e frios anos no qual deixei de presenciar os sorrisos fáceis de Luka, ou a maneira como seu nariz se contorcia antes de espirrar, ou o modo que ele movia as suas orelhas para cima e para baixo que eu nunca consegui aprender.

Meu pai chegara estranhamente apreensivo e quieto naquele dia. Tomei todo o caldo de ervilhas em silêncio, percebendo os olhares ansiosos de meu irmão. Luka crescera até ficar uma cabeça mais alto do que eu, um perfeito russo, como dizia o meu pai. Os cabelos loiros e aguados de meu irmão pendiam sobre seus olhos, lançando uma sombra esquisita, o que o tornava um tanto assustador. Meu coração estava apertado, mas não deixei que aquilo me afetasse verdadeiramente. Eu aprendera com a minha mãe: uma senhora não podia demonstrar medo. Por isso, acabei a minha refeição, beijei o rosto de minha mãe, e segui para o quarto, esperando o que viria todas as noites.

Abracei Luka logo que ele deitou-se e fechei os olhos com força. – Eles querem invadir o nosso castelo, Luka. Não deixe, eles... – Shhhhhh. – Disse o meu irmão, apertando as mãos sobre meus ouvidos, no que abri os olhos. Não pude ouvir o restante das suas palavras, mas era boa o suficiente em leitura labial para entender o que ele dissera: “calma, eu vou te proteger”. A noite seguiu, eu sabia que os gritos aumentavam no outro cômodo, mas algo estava diferente aquela noite: meu irmão estava chorando. Tentei afastar os piores pensamentos que me vinham e dormi.

Na manhã seguinte, bem, não havia ninguém. A casa estava vazia, mas poderia ser pior, poderia estar fria. Mas a lareira estava acesa e havia comida sobre a mesa, tudo bem que o que estava dentro da panela era sopa que sobrara de ontem, mas eu não me importei. Até que a primeira hora passou e ninguém voltou. Uma espécie de desespero começou a crescer em mim e eu corri pra janela. Ninguém voltou nas duas horas seguintes e o fogo começou a ficar mais fraco. O sol brilhou mais forte durante o meio dia, começou a rumar para leste, deixando a neve brilhante lá fora, mas nada mudou ali dentro – com exceção, talvez, das luzes dentro da casa e da temperatura, que caía.

A noite já começava a dar as boas-vindas quando ouvi a porta abrir de rompante. Sobressaltada, corri para a sala enquanto alguém gritava o meu nome. – Luka...! – Abracei meu irmão com força, sentindo as suas roupas ensopadas pela neve. – Você... você vai congelar! – Corri para a porta e a tranquei, impedindo o vento frio de entrar. – O que... Onde você esteve? – Perguntei, enxugando as lágrimas com a manga do vestido. Meu irmão olhou-me de uma maneira tão estranha que eu achei que eu tivesse feito algo errado. – Eu... Ela não queria fazer isso, Dasha. Ele, o papai, ele queria que nós f...

Foi quando a porta abriu com força e eu caí de cara no chão duro e frio. Meus braços arderam de imediato enquanto o sangue brotava de maneira tímida pelos arranhões. Ao me virar, vi que a luz na porta era bloqueada pela figura nefasta de dois homens em negro. Os uniformes eram militares, com um SS bordado no braço direito. Ouvi o barulho dos fuzis engatilhando e meu coração gelou.

Era junho de 1942. Stalingrado seria sitiada pelas tropas alemãs ao fim de agosto. A tão conhecida Operação Azul! Bastante irônico quando se leva em conta o quanto a neve ficou rosada nos dias que seguiram o seu início. Mas não se podia esperar menos dos responsáveis pelo Terceiro Reich. Hitler nunca foi o que se podia chamar de companheiro dos soviéticos, mesmo nós das cordilheiras do Cáucaso sabíamos isso. E, se eles haviam chegavam a uma região tão remota quanto monte Elbrus, era sinal de que, definitivamente, ruins. Era um indício do princípio do fim. Sabia pelos dois monstros parados na porta, na entrada para o salão dos reis da montanha. Não. Não éramos mais reis. Éramos apenas duas crianças russas com fuzis apontados para suas testas, sozinhas em plena Segunda Guerra Mundial.
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Ouvindo: Hall of the Mountain King - Apocalyptica

 

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