A manhã chegara clara, com poucas nuvens no céu e uma suavidade que não permitia início do calor. Estava desde que chegara em reunião. Avaliara relatórios gerais e técnicos de cada susbtância o de Centro Médico, da amostra de sangue envenenda que coletara e da recuperação de cinco prisioneiros que havia colocado em com induzido com Hakufuku. Preparara a traferência deles para uma unidade de interrogação enquanto obtia autorizações da Central e organizava ordens aos membros da tropa. Makkiu não dormia desde de a véspera do dia anterior, mas surpreendentemente não demonstrava qualquer sinal de cansaço.

Os prisioneiros haviam sido capturados no Palácio Kasumioji, onde estivera na noite anterior, inicialmente em visita e depois em uma operação de resgate do clã. Estavam agora as mulheres da casa principal em Shigure, o castelo principal do clã Watanabe cujo nome tinha em pronúncia Shi, a morte, em referência os aos Shinigami e ao próprio símbolo do clã: o emblema que os humanos atribuiram ao que chamavam de Acano da Morte. Estavam seguras e Makkiu, em pausa pela primeira vez no dia, muito em breve estaria novamente ocupado.

Foi em seu caminho pelo pátio, que era o grande entreposto no caminho para todas as estalações do esquadrão, que sentira a longíqua aproximação de Nikollas-kun. Não estava ferido, seu Reiatsu deixava claro, então deveria estar ali para conversar e sobre algo sério dada a hora. Momentos depois o capitão do 3º Esquadrão se afastava e começava a levantar seu Reiatsu provavelmente acreditando que não tinha sido percebido e que precisava se fazer notar. Felizmente o fizera em uma distância em que não imobilizaria nenhum Shinigami e o melhor, em uma distância pequena do lugar em que Makkiu estava.

- Muito bom dia, Nikollas-kun. Dizia ao lado da árvore sob qual o outro estava sentado. Pela hora que começou a se dirigir para o esquadrão, deduzo que tenha um assunto sério a tratar.

Akechi era aproximadamente oito centímetros mais baixo que Makkiu e com Akechi sentado essa diferença forçava o capitão do 4º Esquadrão a voltar a cabeça para baixo se quisesse ver o colega de arma enquanto conversava. Era um sensação desagradável para Makkiu, o desnível dos olhares. Agradava-o que todos pudessem se olhar da mesma altura como iguais.

- Para não ter solicitado uma audiência formalmente diria que se trata de algo pessoal./b] Fortalecia a perseptividade de que notara Nikollas muito antes que ele tivesse elevado o Reiatsu.e][b]Não precisava revelar seu poder espiritual para que eu o tivesse percebido.

Teria o percebido ainda que tivesse suprimido ao máximo o poder espiritual e a presença. Teria o percebido mesmo se o contrário fosse vontade de ambos. A única forma de passar pelas habilidades sensoriais de Makkiu era usando Doko ni Bijutsu e ainda assim não era o bastante para passar despercebido aos sentidos normais do líder Watanabe.

- Não conversamos desde antes de você ser capitão e convenientemente tenho algum tempo agora. Falava com seu tom de voz costumeiro, sereno e formal. Então, a que devo esta visita?

Poderia ter dito "qual é o assunto que o traz aqui", mas não estava assim tão mais ocupado que o normal. Logo sairia para uma ação de capo e um descanço no pátio que conseguira com Kurayame seria algo bom. Ela realmente tinha razão quando dizia que Sakuras eram ótimas companhias.

Algumas pessoas eram abençoadas com famílias inteiramente carinhosas, outras com o dom de conquistar amigos e outras com o dom de conquistar a fama. Makkiu era nenhum desses. A família que conhecera eram parentes que viviam em função de mostrar que por ser herdeiro de seu clã era superior e que por ele não ver sentido nisso acabaram sendo mais tutores que parentes, exceto por sua irmã que compartilhava dos mesmos pensamentos. A distância dos outros criadas pela dita superioridade com que nascera acabava por exilá-lo, como se já não bastasse ter nascido com um Reiatsu completamente anômalo. Tinha também a predisposição inquestionável a superar espectativas mesmo quando se esforçava ao máximo para não se esforçar no que quer que fizesse.

Jamais desejara fama e embora soubesse quão egoísta era pensar isso, jamais quisera também o sobrenome ou qualquer outro poder com que nascera. Tudo que queria era ir onde quisesse e quando quisesse ao máximo, mas ao invés disso fora presenteado com aquilo que chamava de infâmia. A atenção chamada pela influência e poder obtida por nove gerações anteriores a sua o tornava bem visado e quando se tornou capitão acabou praticamente substituindo Kuchiki Byakuya como capitão mais famoso do Gotei. Se falta de sorte para que as coisas acontecessem naturalmente como queria fosse um dom, seria o de Makkiu.

A prova de seu histórico maçante chegava no pedido de Akechi. Quando os capitães começaram a caminhar, o Cameliano falava que seu filho tinha um Reiatsu anormal, de quando tivera a vida salva pelo Tulipano, que este tinha tudo para ser um ótimo sensei. Se não fosse por toda aquela miríade de sensações no Reiatsu de Nikollas em que confusão, exitação, dúvida e outros tantos sentimentos se misturavam, talvez Makkiu procurasse abreviar a conversa, mas ele sabia o que era sentir-se mal e era egoísta demais para partilhar esse conhecimento.

- É uma sorte que tenha vindo a mim. Apesar do contexto aquelas palavras não pareciam nada com uma ceitação. Qualquer outro capitão poderia causar-lhe problema só por deixar escapar sua intenção de ir ao Dangai sem a minha permissão.

O Dangai era parte do Senkaimon e as entradas lá aconteciam exclusivamente para fins de pesquisa e manutenção, até as poucas aulas no local tinham na verdadade esses fins. Ainda assim tudo com autorização direta do comando do Kidoushuu que é a tropa responsável pelo Senkaimon. Mesmo June, Capitã do 3º Esquadrão e Líder do Departamente de Desenvolvimento e Tecnologia, precisava da autorização de Makkiu para entrar ali.

- Melhor nem imaginar quanto trabalho se acumularia no tempo que Yamamoto Genryuusai gastaria de todos nós apenas para repreendê-lo, isso se ele apenas o repreendesse. O tom era impassível, mas a irônia das apalavras quase a tornavam uma brincadeira, quase. Não tem jeito, é do seu filho que falamos, afinal de contas.

Não era preciso falar para que as as palavras "não tenho o direito de dizer o que fazer com seu filho" ficassem bem claras. Se Nikollas estava ali e da maneira que estava, não era por simples vontade ou conveniência. Era por necessidade e segurança e falta de informação também.

- Os efeitos do tempo no Dangai desparecem pouco depois de sair do Mundo Precipício. Falava olhando o colega de arma. Além disso não aceito discípulos

Havia o praticamente desconecido Kazue, a jovem Kurayame e a exemplar Hyumi. Nenhum deles tornou-se discípulo a convite de Makkiu. Os três, cada um a sua maneira, havia conseguido passar por cima do pensamento teimoso de Makkiu: nunca querer ter um discípulo. Protegidos herdara centenas com o clã.

- Fazer seu filho crescer é algo anti natural e só imagino duas formas de fazê-lo, nenhuma diferente do uso de técnicas proíbidas. Dizia detendo a caminhada. Posso acolher seu filho em Shigure, o palácio principal de meu clã, e com o nome de minha casa garantir todo o suporte de que ele precisa da forma que os Watanabe garantem, mas não farei mais que isso.

Nikollas precisaria ser surdo para não ter ouvido comentários de como os Watanabe dominavam dois terços da nobreza e precisaria ser um tolo para considerar que seu pedido seria um favor jamais a se cobrar. Ele não era surdo e nem tolo, mas não parecia disposto a simplismente desistir da ideia de Makkiu como mestre de seu filho.

Os capitães se detiam sob a luz que que atravessava às Sakuras, mais forte e viva do que quando começaram a conversar. A Reiatsu de Akechi ressoava com sua voz, agora mais calma e sem sinal de toda aquela tormenta interior de momentos antes. Makkiu não pronunciava resposta nem mesmo quando o Cameliano encenava a fala da esposa embora se perguntasse se teria notado o quanto a voz mudara ao citar o que ouvira. O rosto dele havia ficado enrubrecido, mas não parecia ter sido intencional aquela encenação que acabava por ser cômica.

Quando a conversa parecia tomar um tom descontraído, sua infâmia bateu-lhe a porta: "Um dos mais fortes se não o mais forte". Quanto daquelas palavras devia a seus irmãos e a Saga? Yui encasquetara que Makkiu era o seu grande rival desde que este entrara no Kidoushuu como Terceiro Oficial e sem passar por qualquer treinamento, que dirá pela academia enquanto aquele entrara como Quinto Oficial do Quinto Esquadrão e treinava ardua e diariamente com Yoruichi. Kyomi fazia questão de tranforma-lo em seu orgulho e preocupação de uma forma bem exagerada e Saga fizera o favor de o declarar um gênio desde a batalha em Hueco, coisa que dez anos de auto exílio tinham posto um pouco de lado.

Makkiu teve vontade de respirar fundo para afastar aquele assunto da curiosidade de Nikollas, mas permaneceu impassível e ilegível, como sempre. Eis um capitão mais curioso do que o comum. O comandante de Camelia fora treinado na academia por anos e durante aquela época não tivera tanta fama quanto agora, mas isso não o impedira de conseguir um mestre como Hikari. Tinha grande interesse em aprender e ia longe para conseguir saciá-lo, mas daquela vez não conseguiria êxito em sua empreitada.

- Todos os capitães são os mais fortes de suas tropas. Miniminazava ou pelo menos tentava minimizar os comentários de Nikollas. E eu ser cotado como o mais forte é um exagero.

Poderia ter lembrado Genryuusai, mas Yamamoto era mais conhecido como Comandante e isso seria suficiente para Nikollas dizer que falava dos capitães normais. Poderia dizer que os estudantes não conheciam sua verdadeira força, mas bastaria dizer que mesmo assim o consideravam tão forte que seu argumento se voltaria contra si. Makkiu optou por deixar tudo em função de seu argumento sobre o poder dos Tauchous.

- Quanto à minha Zanpakutou, creio que Hikari-kun tenha o explicado algo sobre. Certamente ele sabia mais que a maioria. Que é perigosa demais para se mostrar a um aliado.

E até mesmo a um inimigo se não estivesse sozinho. De qualquer forma, a lembrança de Saga o fizera lembrar de algo que ignorara até ali, algo que provavelmente o livraria daquele assunto. Não que esperessa calar a curiosidade de Nikollas-kun, mas preferia deixá-la para uma próxima ocasião, sempre.

- A Zanpakutou de Saga é nada mais que um condutor do Reiatsu dele e acabo de lembrar que isso é algo bom para você. Falava tranquilamente enquanto fitava o colega de arma. O peso do Reiatsu concentrado distorce o tempo e Saga controla essa distorção através dos ângulos de movimento de lâmina e isso, assim como é suficiente para alterar o ritmo de envelhecimento dele, é suficiente para adiantar o ritmo de envelhecimento de alguém.

Se a intenção era forçar o pequeno Kevin a crescer, aquela seria a oportunidade ideal para fazê-lo. Bastava uma conversa com Saga para isso ser resolvido embora muito provavelmente aquele veterano fosse transformar o termo "protegido" em "discípulo". Talvez voltassem a aparecer e cartas e mais cartas pedindo por treinamentos particulares até ficar bem claro que o garoto era apenas patrocinado.

- Apenas devo lembrá-lo que adiantar o tempo não é o mesmo que passá-lo em um abiente com fluxo cronológico diferente. Alertava para a diferença entre o uso dos métodos imaginados e a alternativa apresentada. Mesmo que fisicamente seu filho vá ficar apto a se tornar um Shinigami, continuará com o mesmo conhecimento que tem, ou seja, deverá ser preparado depois de "crescido".

O rumo da conversa havia mudado totalmente e para algo mais importante a ambos. Para Akechi tornava-se parte de sua obrigação de pai e da razão pela qual estava ali. Para Makkiu era parte sua nova e tomada de responsabilidades função de protetor, inegavelmente preferia ter esse título a ser chamado de padrinho, do garoto.

A forma com a qual Akechi falava o incomodava. Eram os dois capitães, mas o Cameliano insistia em agir como se Makkiu tivesse autoridade maior que a dele. Seria pela estirpe nobre? Isso não tem importância dentro do Gotei, não depois de definidos os cargos. Seria por experiência? Akechi não tinha a menor noção das habilidades de Makkiu, não poderia julgá-lo realmente experiente embora a supresa frente a análise da Zanpakutou de saga provavelmente o tivesse feito pensar algo ao menos semalahante a isso. Parecia muito mais hábito que qualquer outra coisa.

Esperava que fosse um hábito decorrente dos tempos em que o Cameliano era subordinado e não capitão porque se não fosse a causa seria a simples tendência da maioria. Nobres, Shinigamis, Pluses, não importava, sempre tinham a tendência de o chamar pelo "-sama". Superioridade ilusória e dispensável, quase falou. Por um instante sentia-se repetindo a resposta aos tutores de línguas estrangeiras, literatura, política ou qualquer que fosse a disciplina, enquanto eles teimavam que "você é destinado a ser um líder nobre e líderes nobres são superiores".

- Só perderá algo da estima dele enquanto ele não for capaz de entender o que você realmente fez. Dizia deixando para lá tão maçantes lembranças. Um dia ele entenderá então basta ter paciência até porque para nós o tempo não tem um limite certo.

Quanto tempo levaria? Não mais que o tempo necessário para começar a entrar em contato com sua Zanpakutou, não mais que o necessário para se perguntar a respeito do porque de tudo aquilo. De fato Makkiu era o único capaz de explicar toda aquela situação. Pelo menos plenamente era o único.

- Seu filho receberá proteção total do clã Watanabe e tão logo esteja pronto viverá em uma das propriedades. Falava atentando para a luz do sol. Havia passado mais tempo que imaginava. As únicas coisas que não garantirei são instrução direta em combate e que, caso ele mereça, não será promovido ao alto escalão.

Teria dito desde o início para que Nikollas esquecesse os títulos, mas o capitão era também um pai e nada importaria mais que resolver a questão do filho. Que sanasse logo as dúvidas que torturavam o irmão de arma e se sobrasse tempo poderia lembrá-lo que ambos ali comandam um esquadrão e que entre eles não é preciso tanta formalidade.

- O procedimento em si depende mais de Saga que de mim. É uma alteração natural longe de ser bem vista então diga ao seu Senpai que vocês tem meu apoio. Aconselhava em tom trivial ainda que interiamente permeado de formalidade. Isso bastará para acabar com qualquer limitação burocrática que pudesse impedir Saga.

Já havia se demorado demais. Precisava ir logo ao Quartel General do Quarto Esquadrão, havia coisas a preparar e não teria tempo de desmistificar tudo que Akechi tinha em relação a ele. Talvez um ponto, habilidade ou formalismo desnecessário. Bem, se fosse para escolher que colocasse uma pedra na questão da habilidade.

- Por falar nele, notei certa admiração em seu Reiatsu quando mencionei a Zanpakutou dele, mas não tenho tanto conhecimento sobre ela quanto pensa. Atestava já a demonstrar claramente que se afastaria. O vi liberar a Zanpakutou, até o Bankai é verdade, mas apenas uma vez. Agora preciso tratar de outras questões então, até uma próxima ocasião, Nikollas-kun

Makkiu deixou Akechi a seguir para sua sala. Seus passos eram como de costume, nem rápidos nem lentos, mas silenciosos. Nesse ritmo, não demorou muito tempo para que o Haori azul marinho, usado como capa, desaparecesse do campo de visão do Capitão do Quinto Esquadrão.

As palavras do capitão eram, de certa forma, penetrantes. A compreensão do Watanabe-taichou para comigo, era tudo o que eu pedia para ser imposta no meu filho, futuramente. Que ele compreenda o motivo do qual eu estava "deixando-o" em outras mãos. Mas tudo foi sendo finalizado pelo único motivo de compromisso do capitão com seu esquadrão.

Citação :

Agora preciso tratar de outras questões então, até uma próxima ocasião, Nikollas-kun

Depois de ouvir essas palavras e ver o capitão se retirar, fiquei completamente pensativo, desde antes mesmo dele se despedir. Mas... - Foi até bom ele ir. A princípio, eu queria tentar me informar sobre o poder do capitão, pedindo um simples combate, mas alguma coisa me impediu de fazer tal convite. Ele começara a sumir da minha visão, junto com seu haori. As pétalas de sakura continuavam a cair, como se ela tomasse o lugar das gotas de chuva que, por sinal, não iriam aparecer nunca, pois o sol destacava completamente o céu.

Sabendo, então, que meu filho estará sob proteção do Watanabe-taichou, eu finalmente poderia iniciar minha nova jornada e... tendo em mente o único capitão do qual eu desconheço seu poder, fiquei mais aliviado ainda. Foi ai que comecei a caminhar, em sentido oposto do capitão, para a saída dos domínios do 4º Esquadrão.